15 março 2017

Resenha: Royal 47

   Em “Verme!“ o leitor se conecta com Rino de uma forma madura e produtiva. O personagem sai do livro, te chama para tomar um café e trás longas conversas reflexivas para você quebrar a cabeça.
   Mas como ele se tornou esse personagem literário que você se identifica com suas características e que te faz abrir os olhos sobre alguns aspectos do cotidiano? É isso o que vamos ver em Royal 47.
   Aqui temos um Rino mais infantil e debochado sobre a sociedade, que não se importa com a questão de ética literária e escreve o que pensa sem titubear. O foco principal do livro é nos mostrar a “transição” de Rino para uma nova vida, já que seu irmão acaba de voltar para o Brasil com sua mulher, precisa de um lugar para ficar e na casa de sua mãe já está um aperto. Ele começa a perceber as novas oportunidades e novos caminhos que estão aparecendo e com o propósito de dar mais conforto a sua família, ele decide ir morar sozinho.
   Sem companhia, ele nos contará através de uma máquina de escrever como é sua novas rotina, as novas paqueras que estão entrando e saindo de sua vida e também nos relata de forma cômica algumas experiências por profissões que Rino brevemente se aventura.
   É nesse momento que começa a mudar sua visão sobre o mundo e nos mostrar a transição entre um Rino “imaturo” até o Rino que conhecemos em Verme.


   Novamente vamos acompanhar a crítica ao atual mundo literário que Jim Carbonera faz, mas dessa vez veremos isso de uma forma mais leve e indireta, colocando na balança os valores de um escritor que tenta refletir e um escritor que tenta vender.
   Fica claro que neste livro Rino ainda não amadureceu totalmente e em alguns momentos pode ser comparado a um adolescente descobrindo o mundo, mas em nenhum aspecto a escrita madura do autor deixa a desejar, o que até surpreende quando um autor já tem sua técnica de escrita e sai da sua zona de conforto para abordar uma outra vivência da qual está acostumado a escrever. Jim não precisa escrever e descrever sentimentos, apenas com uma frase ele nos joga para dentro da história e nos faz sentir toda a carga emocional do momento.


   Em uma breve passagem do livro, Jim mostrou um lado do qual eu não conhecia, ele soube descrever os sentimentos de uma mulher (não que eu os entenda perfeitamente), mas em um diálogo ele soube expressar bem o drama que algumas mulheres sofrem em relacionamentos, e também trouxe a questão da diferença etária à tona e como o papel do homem é visto como vantagem em relação ao da mulher... Mas é claro, o autor nos expõe isso sem perder o seu gingado, do mesmo jeito que ele se mostra sensível já na pagina seguinte vemos a “masculinidade crua” da escrita de Jim. 

Até a próxima Ledores! 

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