14 setembro 2015

Um ledor atarefado


   Ah, como é difícil ser um ledor tão atarefado. Um ledor que acorda às seis horas da manhã de segunda à sexta pra ir trabalhar, fazer os seus deveres e ter uma vida social. 
   Não há ledor que não reclame pela falta de tempo para abrir o seu livro e se deliciar com a leitura do momento, mesmo que aquele virar de páginas dure apenas alguns minutinhos do seu dia corrido. Uma página entre um intervalo aqui, outra página na fila do banco ali e por aí vai... A cada momentinho livre do dia é uma oportunidade para entrar no seu mundo fantástico e fazer daquele tempinho uma imensa aventura.
   Que ledor nunca se pegou rindo com um livro aberto na fila do mercado, ou que ledor nunca parou naquele departamento de livros de um mercado e ficou cheirando, folheando e desejando ter aquele livro em sua estante?
   Pela falta de tempo, nós ledores às vezes nos perdemos em meio a tantas "tarefinhas" do dia a dia que são tão simples, mas que se tornam monstros selvagens que nos fazem ficar longe dos nossos tão queridos livros... 
   Mas depois de um dia tão corrido e tão cansativo, nos vemos na seguinte situação: vinte e três horas, deitados e o livro na cabeceira nos chamando para ser lido. E mesmo morrendo de sono e com os olhos fechando-se contra nossa vontade, não resistimos e pegamos o livro com tanto carinho quanto uma mãe pega o bebê em seu berço. Nós acolhemos aquele livro sem mesmo pensar no quanto esperamos àquelas horas de sono, e o abrimos...
   O que vem depois dai? Nós ledores sabemos de cor e salteado. 
   A partir do momento que abrimos o livro nos esquecemos do dia turbulento e de todo o cansaço em que tivemos, embarcamos profundamente naquela aventura e entramos naquele mundo de cabeça. E por alguns minutos antes de pegar no sono, somos outras pessoas, vivemos em outro mundo, enfrentamos longas aventuras, somos corajosos para enfrentamos os vilões, lutamos contra enormes monstros e até vivemos um romance épico que nos faz chorar... Mas aí... Fechamos o livro e olhamos rapidamente para o relógio, e vem o apavoro, já são altas horas da madrugada... E por obrigação, fechamos o livro e colocamos nossa cabeça no travesseiro. 
   A história ainda está viva na nossa mente e até pegarmos no sono, vamos viver e reviver inúmeras vezes as cenas que acabamos de ler...
   E o dia amanhece novamente, o relógio desperta seis horas e mais um dia está por vir. Escovamos os dentes, arrumamos nossas coisas e partimos para mais um dia... 

Mas é claro, sempre acompanhado pelos nossos melhores amigos.


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