30 agosto 2015

Poesia: Não é a melhor hora

Não é a melhor hora
Para perdermos tempo com dúvidas
Passar horas e horas em vão
Atrás de respostas
de perguntas sem solução

Me lembro
Dos dias ensolarados
Do tempo bom
Dos passeios à tarde
Das paisagens
De tudo o que nos fazia sorrir.

Mas o fim chegou rápido
E logo estávamos de volta no carro
Discutindo sobre crianças
Sobre o trabalho
Sobre o nosso amor
Que hoje mais se resume em ódio

Não sei mais o que fazer
Talvez não temos como mudar
Mas eu gostaria muito
De acertar as coisas
De poder dizer
Te amo, outra vez.

25 agosto 2015

Resenha: Claros Sinais de Loucura


   Sinopse: Você nunca conheceu ninguém como Sarah Nelson. Enquanto a maioria dos amigos adora Harry Potter, ela passa o tempo escrevendo cartas para Atticus Finch, o advogado de O sol é para todos. Coleciona palavras-problema em um diário, tem uma planta como melhor amiga e vive tentando achar em si mesma sinais de que está ficando louca. Não é à toa: a mãe tentou afogá-la e ao irmão quando eles tinham apenas dois anos, e desde então mora em uma instituição psiquiátrica. O pai, professor, tornou-se alcoólatra. Fugindo da notoriedade do crime, ele e Sarah já se mudaram de diversas cidades, e a menina jamais se sentiu em casa em nenhuma delas. Com a chegada do verão em que completa doze anos, ela está cada vez mais apreensiva. Sente falta de um pai mais presente e das experiências que não viveu com a mãe, já se acha grande demais para passar as férias na casa dos avós, está preocupada com a árvore genealógica que fará na escola e ansiosa pelo primeiro beijo de língua que ainda não aconteceu. Mas a vida não pode ser só de preocupações, e, entre uma descoberta e outra, Sarah vai perceber que seu verão tem tudo para ser muito mais. Bem como seu futuro.

RESENHA
   Imagine que você tem apenas dois anos quando sua mãe tenta te matar após matar o seu irmão gêmeo afogado. E mesmo passados dez anos, a mídia ainda trata tão fervorosamente esse assunto que você sente os efeitos negativos e tem sua vida “arruinada” por isso. Esse é um trauma  difícil de conviver no dia-a-dia...
   E Sarah Nelson é essa pessoa, a criança que já mudou tantas vezes para esconder seu passado cujo único vínculo com qualquer coisa estável que tem é com uma planta, sua melhor amiga. Além de ser viciada em dicionários e se divertir com os significados das palavras, ela não larga de seu exemplar de O Sol é Para Todos e mantém um caderno onde escreve seus pensamentos frequentemente em forma de cartas para um personagem desse livro, Atticus Finch.
   O pai da menina, Tom, leva uma vida de angustia e muito álcool depois de ver sua mulher enlouquecer e perder um filho. E agora com sua filha aos doze anos ele não está apto e nem presente para ser o pai que a menina precisa, e ela começa a perceber isso.
   Em meio a tantos segredos, Sarah é como qualquer outra criança que está enfrentando as dificuldades de adaptação nessa idade e com uma visão infantil acompanhamos o que uma criança pensa e reage sobre esse drama pelo qual viveu e sobre as expectativas do que ainda está por vir.


   Essa história poderia ser vista como se fosse uma criança nos contando o mundo fantástico e mirabolante em que vive... Sobre o mágico primeiro amor e como ele é um conto de fadas, sobre como tudo é fácil e os problemas poderiam ser resolvidos apenas com um estalar de dedos... Mas não é assim quando se tem um passado igual ao de Sarah.

   Enredo...
   De uma maneira geral, o enredo da história inteira é calmo e sem clímax, mas justamente essa calmaria é responsável pela história ser boa. Lógico que temos cenas chocantes e sentimentos fortes conforme a leitura, mas não é algo que você já não tenha visto antes.
   A história começa e vai te instigando aos poucos, vai te prendendo e te cativando conforme Sarah vai amadurecendo e tendo essa transição da infância à pré-adolescência, e mesmo o leitor sendo bem mais velho do que ela, também sente o que ela está sentindo e se identifica em determinados momentos.

   Personagens...
   É incrível como a autora criou seus personagens e deu a cada um deles uma personalidade única. Por ser infantil, é um livro que retrata bem as diversas facetas humanas e traz a tona problemas sérios e os faz parecerem monstros de sete cabeças prontos para te atacar. E o melhor ainda é ter uma história tão intensa e problemática vista pelos olhos de uma menina de doze anos, porque isso faz você refletir na inocência de uma criança a ponto de comparar uma mãe internada numa clínica psiquiátrica entre trabalhos escolares do qual está morrendo de medo em apresentá-lo, e isso foi um ótimo ponto positivo pro livro.

    Escrita...
   Nunca tinha lido nada da autora, mas de primeira Karen Harrington me prendeu e não me fez largar o livro até saber o desfecho final de sua história. Nesse livro, valorizei muito a capacidade que ela teve em escrever tão levemente a visão de uma criança e sua concepção das coisas ao seu redor e dos momentos difíceis pelos quais já passou.

   Em geral, é um livro que agrada e prende o leitor em todas as suas páginas. Fiquei em dúvida sobre a pontuação desse livro, mas por fim resolvi que ele merece sim 4 diários.

Até a próxima Ledores!

18 agosto 2015

Somos escritores de qualquer forma

   Poucas coisas na vida são tão difíceis quanto escrever. Isso mesmo, escrever. Não digo pelo simples fato de colocar palavras no papel, mas de saber “como” colocá-las. O modo certo de construir o discurso e organizar as ideias.
   Não sei para vocês, mas para mim é extremamente difícil sentir a insegurança de expor sentimentos, palavras e convicções por meio dos meus parágrafos. Sento, espero, penso, digito, apago, edito e corrijo. Essa é a eterna dinâmica.
   Quando abro as páginas dos livros que amo, fico pensando em como foi que o autor conseguiu construir aquela obra com tanta maestria de pensamentos. Sinto aquela inveja do pobre mortal, por talvez, nunca reproduzir algo parecido.
   Acredito que todo leitor tem a inveja do escritor, aquela utopia de sempre almejar bons textos. Aquele que sente a necessidade de escrever, por que sinto essa necessidade. A partir do momento que você conhece o mundo das palavras, você tem vontade de fazer parte dele. De contribuir de alguma forma. De ser a escrita, se tornar o escritor.
   Como escrevo todos os dias, por ter me tornado uma jornalista, não da melhores, mas de formação, sinto que poderia contribuir mais com meus textos, mas é sempre tão difícil. Não é fácil comunicar e se fazer entender.
   Outra forma de inveja, no bom sentido, são as artes de modo geral. A música, por exemplo, são expressões tão claras da vida. Por pior que a composição seja ela sempre conta uma história.
   Os acordes, a melodia, a composição a letra. Tudo envolve a arte de construir a linguagem. Sinto que a vida é essa eterna guerra para se expressar. Temos muito o quê contribuir, seja na vida, nas palavras, nas ações. Independente do modo: fale, escreva, ouça.
   Siga exemplos e torne-se o escritor da sua própria trama. Comece pela sua vida. Escreva as pequenas vitórias, as grandes derrotas e assim faça o seu livro. Cabe a você decidir se vale a pena compartilhá-lo ou não.
Imagem: The Diary of Anne Frank (TV Mini-Series 2009)

12 agosto 2015

Resenha: Caixa de Pássaros


Sinopse: Caixa de pássaros é um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a essência do medo. Uma história que vai deixar o leitor completamente sem fôlego mesmo depois de terminar de ler. Basta uma olhadela para desencadear um impulso violento e incontrolável que acabará em suicídio. Ninguém é imune e ninguém sabe o que provoca essa reação nas pessoas. Cinco anos depois do surto ter começado, restaram poucos sobreviventes, entre eles Malorie e dois filhos pequenos. Ela sonha em fugir para um local onde a família possa ficar em segurança, mas a viagem que tem pela frente é assustadora: uma decisão errada e eles morrerão.


RESENHA
   Tudo está prestes a mudar, tanto para Malorie que acaba de descobrir que está gravida quanto para o resto da humanidade que nem imagina que daqui a algumas semanas suas vidas entrarão em extinção e tudo isso acontecerá misteriosamente.
   Noticiários e jornais estão anunciando cada vez mais casos bizarros onde pessoas simplesmente enlouqueceram e cometeram suicídios, casos com uma mãe enterrando seus dois filhos e depois se dando um tiro, pessoas se ferindo enquanto diziam coisas insanas... Mas todos os casos tem uma coisa em comum: eles viram algo antes de enlouquecer.
   Malorie está passando pelos momentos difíceis da descoberta de sua gravidez quando esses casos ainda estão no início, e sua irmã Shannon está tão assustada com isso que resolve cobrir suas janelas com cobertores com o intuito de se protegerem. E parece que todos estão fazendo a mesma coisa, escolas foram temporariamente fechadas, mercados fecharam suas portas e já não se vê mais ninguém na rua. Ela de fato não leva essa história tão a sério e não compreende o perigo que o mundo é naquele momento, mas é forçada a mudar sua visão quando sua irmã alguma coisa e comete suicídio.
   Sozinha, não suporta ficar naquela casa e também precisa procurar por segurança já que carrega uma vida dentro de si, com muito cuidado e só os abrindo os olhos quando é realmente necessário ela sai de casa rumo à uma transmissão onde há pessoas poucas sobrevivendo com segurança. Chegando lá, conhece Tom, a pessoa com quem irá criar um vínculo muito forte e a que mais lhe passará segurança.




   QUATRO ANOS DEPOIS...
   De oito sobreviventes que estavam na casa para onde Malorie foi em busca de segurança, só ela sobreviveu... E durante quatro anos, convive com as únicas pessoas que viu durante esse tempo, seus dois filhos, Garoto e Menina.
   Criar um filho é muito, dois é demais e ainda criar dois filhos quando o mundo se tornou praticamente uma escuridão é um desafio que Malorie luta diariamente para cumprir. Desde o nascimento das crianças, ela vem as criando severamente, sendo treinadas a ouvirem melhor do que qualquer outra coisa, porque com os olhos vendados seus ouvidos são as únicas chances de sobrevivência no mundo fora da casa.
   Mas ainda há esperança, e é isso que a faz sair de casa com suas crianças e entrarem em um barco e navegarem com seus olhos vendados rumo à um esperado Instituto, que Malorie descobriu anos antes com a ligação recebida de Rick dizendo que isso ainda não acabou, há sobreviventes, e muitos deles nesse instituto onde há água, comida e segurança. 
   Indo ao passado e voltando ao presente, nós iremos acompanhar o mistério, drama e terror dessa história e juntos vamos nos sentir vendados junto com Malorie.


   Caixa de Pássaros nos traz uma história original, misteriosa e muito, mas muito escura. A todo momento você se sente dentro daquele mundo e se apega tanto na história que não quer largar o livro. O autor nos faz sentir como se estivéssemos com uma venda nos olhos, onde tudo o que podemos fazer é ouvir. Ouvir todo o silêncio, os ruídos do nosso cotidiano e de alguma forma encaixar essa história de "terror" em nossas vidas.
   Para um leigo em histórias de suspense e terror, até que me vi bastante atraído pelo gênero ao terminar essa leitura pois a forma como ela é narrada é tão assustadora e ao mesmo tempo calma que como leitor me senti cada vez mais curioso e com medo em saber o que vai acontecer em seguida.
   O terror do livro é um terror psicológico, focado principalmente na claustrofobia e nos diversas reações que é causada nas pessoas. O autor descreve o quanto o ser humano pode atingir o seu nível máximo de insanidade e principalmente nos mostra que nós somos as criaturas que tanto tememos.


   O final pode ser um pouco decepcionante pro leitor pois não temos explicações e conclusões que tanto nos fizeram criar interrogações na cabeça ao longo da história. E isso nos dá a impressão de que o autor pouco se importou em um final épico, e sim em prender e aterrorizar o leitor na história do começo ao fim, e justamente por conseguir, a história em si compensa essa falta de um final revelador.
   É impossível ler esse livro e não refletir com a questão da visão e sua importância para sobreviver, porque nesse livro temos algo que vai além do terror e do mistério: temos a adaptação do homem ao novo mundo onde ele precisa excluir sua visão completamente e aprender a confiar em seus outros sentidos para viver.



   A junção dessa "adaptação" e prender pessoas em uma casa feito pássaros é um feito que Josh Malerman usou e abusou e nos trouxe um ótimo resultado e com convicção apostaria nesse enredo para uma adaptação cinematográfica, porém, só seria boa como o livro se fosse produzido pelas pessoas corretas.  

   Só pra finalizar, esse livro misterioso e marcante leva 5 diários, se tornando uma leitura mais do que recomendada!

Até a próxima Ledores!
   

03 agosto 2015

4 Filmes! (Comédia, Drama, Biografia e Ficção Científica)



1. COMÉDIA: Perdido na Nuvem 
   Annie e Jay vivem em relacionamento há tanto tempo que já estão começando a entrar naquela fase onde tudo começa a esfriar, e para tentar reascender o fogo de ambos e esquentar as coisas eles decidem se filmarem transando. O que eles não esperavam é que Jay perde o arquivo da gravação, e para o desespero dos dois, há inúmeros lugares para onde ela possa ter ido parar. Na busca pelo arquivo, o casal passa por uma série de confusões e muito constrangimento.

   Um filme totalmente fraco e previsível, até tenta retratar o drama em que alguns relacionamentos sofrem com o desgaste do tempo, mas perdeu originalidade fazendo a junção de sexo com uma comédia totalmente forçada, e ainda focar somente nisso como tema principal. O filme todo é uma imensa impressão de que você já viu determinadas situações em algum lugar, dando a entender que é só mais um filme em meio à tanto outros que usam o mesmo tema. Mas também o filme traz uma ótima critica a tecnologia e isso sim deveria ter sido mais explorado.


2. DRAMA: Serena
   Serena é uma mulher misteriosa e assombrada pelo incêndio que a fez perder toda a sua família, e ao conhecê-la, George fica encantado com a mulher que aparenta ser e sem perder tempo, logo vemos o casamento entre os dois e a mudança para Carolina do Norte no intuito de construir um grande negócio no ramo de madeira. O drama começa quando Serena descobre que é infértil e jamais poderá dar um filho a George que já havia tido um filho antes de se casar, e nisso ela começa a nutrir sentimentos de vingança contra a mãe de seu filho levando a destruição de sua relação com George.

   Se for pra parar para pensar, o filme se perde em meio a tantos acontecimentos que em muitos momentos não há sentido algum na história, assim perdendo o rumo várias vezes. Mas a junção da ótima direção do filme com um elenco maravilhoso e um roteiro repleto de mistério e melancolia, nos traz um filme muito intrigante e que prende o telespectador até o final, mas nada comparado a grandes filmes do gênero de drama.


3. BIOGRAFIA: Grandes Olhos
   Nesse filme temos um relato da história real da pintora Margaret Keane, que ficou famosa por suas pinturas de crianças com olhos grandes e assustadores. Quase uma feminista em sua época, ela teve que abandonar o seu marido para poder seguir o seu sonho e ainda assim, depois entrar na justiça contra o seu segundo marido para adquirir os direitos autorais de suas próprias obras já que durante anos ele afirmava ser o pintor dos retratos de Margaret. 

   Confesso que não conhecia a história da autora, mas o filme me trouxe diversas questões que me deixaram com um pé atrás ao julgá-lo bom ou ruim. No início acontece tudo tão rápido que o filme em si faz o telespectador perder aquela curiosidade em relação à sobre o que vai acontecer em seguida e logo após esse atropelamento de acontecimentos temos um enredo que se prolonga em explicações desnecessárias. Relativamente um filme bom, porque a falta de profundidade de momentos delicados pelo qual a artista passou foi compensado pela ambientação da época, fotografia e cenário.


4. FICÇÃO CIENTÍFICA: Automata 

   O ano é 2060, Jacq é um agente de seguros da Robotics Corporation e investiga os casos de alterações em robôs produzidos pela empresa onde trabalha. Após descobrir um caso onde robôs estão sendo manipulados e infringindo a lei drasticamente, Jacq embarcará em um imenso mistério sobre inteligência artificial e sobre como isso poderá trazer consequências profundas para a humanidade.

   Um filme que teria tudo para ser ótimo por conta de seu forte tema, mas mal explorado por conta da atenção dada à cenas que poderiam passar despercebidas, resultando a nos fazer perceber algumas falhas na lógica da história. Do meio do filme até o quase final é uma coisa meio clichê e sem ritmo algum, mas temos um final com uma emocionante cena que compara o nascimento de um ser humano com a possível substituição dele mesmo pela inteligência artificial.

Espero que tenham gostado e até a próxima Ledores!