28 maio 2015

Desabafo: Insônia

   Há dias não estou conseguindo dormir direito. As vezes acordo no meio da noite depois de um sonho estranho e não durmo mais e se durmo demoro a pegar no sono...
   Quando acordo estou tão cansado e parece que durante a noite fiz mais coisas que durante o dia... Mas não posso desanimar, tenho um dia pela frente e não posso me dar ao luxo de ficar em minha cama enrolado nas cobertas e me fechar em meu mundinho.
   Durante todo o dia  que se passa pergunto o que meus sonhos querem me dizer... São sonhos tão reais com coisas que ainda não aconteceram que me sinto com receio em comentar isso com alguém... Pode ser só o meu subconsciente me mostrando coisas que gostaria que acontecessem, ou Deus mandando um sinal para que possa continuar com esperanças de que aquilo o que quero irá acontecer... Ciência ou religião, eis a grande questão...
   A tardezinha me bate um sono e quando tenho um tempinho deito e fecho os olhos, mas tudo o que vejo é um imenso vazio em minha mente, não consigo dormir, apenas sinto um cansaço forte e por isso sou obrigado a levantar e ir procurar algo pra fazer porque não posso alimentar a minha mente com escuridão, não depois de tudo o que passei.
   A noite é o momento crucial. Quando não estou ocupado com tarefas e compromissos cotidianos, fico vagando pela casa em busca de algo novo, de alguma coisa que me surpreenda... Mas é sempre a mesma coisa, sempre os mesmos móveis, os mesmos objetos e os mesmos corredores... 
   Eu não sei ao certo o que tudo isso significa, o que meus sonhos querem me dizer e o que esse vazio se relaciona ao cansaço sem motivo que sinto, mas sei que em meus sonhos eu sou livre, meu sorriso é verdadeiro e sinto eu mesmo como nunca me senti.
   É um imenso clichê, mas a verdade é que ultimamente os meus sonhos tem sido o meu porto, a minha saída para todos os meus problemas, e mesmo que esses sonhos pareçam estranhos e durem apenas alguns minutos, eles valem pelo resto da madrugada e pelo dia inteiro.
Porque acho que é assim, um sonho é o seu sonho.
Juliano Fernando
(Foto de Lucas Alves - aqui)

14 maio 2015

Conversando sobre o livro: Verme! (Parceria)

   Resolvi renomear esse post e não abordá-lo como uma resenha porque esse foi um livro tão complexo para mim, que eu não seria capaz em tratá-lo como igual à tantos os outros livros que leio. Quero que levem esse post como um post de conversação sobre as questões que o livro me fez levantar e sobre as tantas reflexões que tive. Vamos lá...


   Entre o fictício e o real, Rino Caldarola narra em primeira pessoa suas desventuras e desatinos em Porto Alegre, sua cidade natal. Inconformado pela escassez de inspiração e à procura de um lugar ao sol no cenário literário brasileiro, o protagonista é o reflexo das desilusões e dos anseios que atormentam uma sociedade cada vez mais conturbada e contraditória.
   Com uma narrativa insolente e exasperada, Rino constrói e defende seu espaço pessoal utilizando-se de ironia, arrogância e de um erotismo cru. Busca desvencilhar-se de sua mãe coruja e do seu bairro que outrora fora de classe média, mas agora se elitiza em nome do progresso. E, principalmente, luta para desembaraçar sua paradoxal maneira de pensar e ver o mundo.


Um pouco sobre a história do livro... 
   Rino é um aspirante à escritor que vive desde o seu nascimento em Porto Alegre. Não é tão difícil entender a história do livro quando tudo o que Rino nos relata é seu cotidiano e a forma como ele vê.
   Através de suas críticas à sociedade acompanhamos não somente o drama em que vive mas também a transição dentre um relacionamento e outro, como um homem bruto pode ser capaz de se manter íntegro quando se passa mais de longos oito meses com a mesma mulher... Como um escritor recorre às suas inspirações de modo desesperado e também como ele se sente em relação à escritores que só querem vender seus exemplares... E também acompanhamos como é a visão de uma pessoa considerada por todos como "sem sentimentos" e como enfrenta tudo isso.
   Enfim, Verme! é um relato imensamente filosófico sobre a nossa realidade e sobre pessoas que esperam um milagre sem ao menos levantar-se e ir atrás de seus objetivos.
   Todos nós temos parasitas dentro da gente, e no livro, conhecemos os de Rino. 

   Realidade... Se você parar para pensar, Rino é um homem como todos os outros em sua faixa etária, mas ao ler o livro há algo nele que te deixa incerto de sua igualdade. Rino tem longas e longas conversa com si mesmo e ao meu ver, ele é um verdadeiro estranho... ou não, porque de um lado temos a sociedade que faz com que as pessoas se tornem comunicativas (mesmo que à força), e de outro temos os "antis", que como exemplo cito Rino (ou até eu mesmo), que não dá a mínima para isso e que não deixa a pressão da sociedade entrar em sua cabeça por nada. Mas calma, ele não é rebelde e não sai por aí destruindo tudo com os fones estralando um rock no ouvido, não... O principal motivo do qual me identifiquei muito com Rino é porque em sua mente, a filosofia vem sempre em primeiro lugar. 

   Realidade pode ser tão boa quanto os livros de fantasia? 
   É certo que quando falamos em livros logo pensamos nos nossos queridos gêneros literários do qual nos fazem esquecer esse mundo - mesmo que por um segundo - e nos leve à uma aventura incrível proposta por determinado autor que nos tire bruscamente dessa galáxia e nos permite sempre ter uma válvula de escape... Mas e quando lemos um livro cujo sua base é totalmente nesse mundo ao qual usamos a literatura para fugir?
   Ao ler esse livro, essa foi a questão que mais me intrigou, porque a pergunta que continuo me fazendo é: a nossa realidade pode ser tão boa quanto livros de fantasia?
   Vejamos... Claro que sim! Há uma infinidade de temas dentro da nossa zona de conforto que pode ser explorada e resultando em uma obra incrível desde que mantenha a lógica dessa realidade. Mas o grande empecilho que nos trava a mente ao responder de primeira essa pergunta é devido a própria sociedade. Vou explicar... Você faz parte da sociedade certo? Então o que você acha da literatura da qual você mesmo gosta e faz de tudo para que o mundo a conheça? 
   Quando dizemos que fantasia é melhor do que a realidade, a primeira coisa que nos vem a mente é o nosso autor de fantasia preferido, e é nesse ponto que quero chegar: nesse determinado autor. 
   Sei que posso fazer algumas pessoas se sentirem ofendidas, mas essa não é minha intenção... 
   Em nenhuma situação ou nenhum momento fez você pensar que esse autor "estragou" a sua realidade e a fez torná-la tão ridícula somente pelo fato de que ele não seria capaz de construir uma história boa com base nessa realidade? E por isso ele usa a fantasia para ganhar a sua atenção? E pergunte a si próprio: você poderia imaginar esse autor escrevendo realidade? E você acha que o resultado seria bom?

   A literatura hoje... Eu não sou a melhor pessoa para falar sobre isso, e nem te darei uma opinião técnica... Então se continuar lendo já saiba que aqui você vai encontrar a opinião de um blogueiro de quinta após ler um livro de intensa reflexão...

   Como anda o mundo literário hoje? Essa foi a pergunta que fiz ao terminar de ler esse livro e olhar para a minha estante e ver que ali, na  prateleira dos livros lidos, oitenta e cinco por cento dos livros eram de fantasia. Não, não considero isso ruim, mas é que Jim Carbonera me fez pensar que livros assim são a nossa droga, a nossa maconha, a nossa cocaína... da qual usamos para nos manter longe da realidade e que quando nos deparamos com a vida (ou com um livro assim) pensamos no quanto a realidade é significativa e que colocar os pés na fantasia não vão te ajudar em nada.
   Mas também isso não é culpa desses autores, porque querendo ou não, eles estão apenas fazendo o seu trabalho e enquanto tiver gente interessada na arte (independente da qualidade) sempre existirá o artista que ganha o seu pão dessa arte. A culpa é inteiramente sua (e minha também), porque somos nós quem damos a esses escritores o poder, somos nós quem tiramos do palco os autores que prezam  a filosofia humana como prioridade e não dão a mínima em quantos exemplares serão vendidos... Somos nós quem deixamos de lado o interesse do autor em nos fazer refletir e damos poder ao autor que simplesmente quer que compremos o seu exemplar para poderem continuar no mundo literário. 
   Em momento algum estou julgando o seu gosto literário e esses tais autores, até porque a maioria de livros que leio são os mesmos que você que acompanha o blog, mas o ponto que quero colocar é que se pararmos para pensar, chegaremos a conclusão que somos os culpados por tudo o que acontece dentro desse mundo, seja um papelzinho jogado na rua até o lançamento de um livro esperado e cobiçado por muitos adolescentes ao redor do mundo. E nessa situação, entramos para a filosofia de Rino: essa realidade de que você vive em ir a um lançamento de livro e depois de lê-lo sentir-se feliz com tamanha fantasia, já  não é boa o bastante quanto a própria fantasia que está lendo?
   Nossa que confusão, mas resumidamente: Verme é esse livro que é totalmente realista e compara-se à livros de ficção, podendo até superá-los.

   O livro em fases... Sabe quando o livro começa uma coisa e termina completamente diferente? É o que acontece com Verme. No começo parece aquela coisa mesquinha, de um homem ignorante que só pensa em si próprio, e no fim do livro ainda temos o homem ignorante que só pensa em si próprio, porém maduro, que sabe de todos os seus "defeitos" e ainda assim continua não dando a mínima para a sociedade e sim para os seus próprios pensamentos que tanto o torturam...
   Uma das coisas que mais gostei e pude reparar no livro são suas facetas... O livro é dividido em quatro partes: primavera, verão, outono e inverno. Ou seja, praticamente todo o ano de um ser humano... Mas não para por aí, essas partes não são por acaso e nem para ficar mais "bonitinho"... Pude perceber que dividir as fases do ano e colocá-las em um livro, a intenção de Jim era retratar um lado humano do qual todos nós temos em cada estação do ano.  Primavera, verão, outono e inverno... em cada uma dessas quatro facetas você irá se identificar com situações que irá descrever perfeitamente nossos lados e ao ler irá refletir de uma forma que nunca sequer tinha imaginado.

   Enfim, finalizo esse post desabafo com um grande super recomendo. Sei que esse post não pode ser considerado como uma "resenha padrão" daqui do blog, mas espero que esse meu texto opinativo faça despertar uma curiosidade em vocês para ler esse livro. Pontuação? Máxima!
Até mais Ledores!

11 maio 2015

Resenha: Gênesis

    Na ocasião em que a Terra foi arrasada pela Peste, os sobreviventes reuniram-se em uma nova sociedade. Separados do mundo exterior por uma cerca em pleno oceano, vivem em absoluto isolamento – aviões que se aproximam são abatidos; refugiados, executados. Até que um soldado escolhe romper com as regras e, em vez de disparar, resgata das águas uma menina. Seu nome é Adam Forde. Ele muda para sempre o curso da História. Anaximandra, uma jovem de 14 anos, estudou a fundo esses dados históricos. Numa sala com pouca luz ela está sentada diante de três Examinadores para uma exaustiva prova de quatro horas. Adam Forde, seu herói, morto há bastante tempo, é o tema do exame. Se aprovada, ela será admitida na Academia – a instituição de elite que governa aquela sociedade utópica. Anax, porém, está prestes a descobrir que nem tudo consta dos registros acadêmicos. Há fatos, imagens, arquivos a que nem todos têm acesso. Antes que a avaliação termine, virão à tona o obscuro segredo da Academia e a realidade assustadora daquele admirável mundo novo. Inquietante e de uma ingenuidade encantadora, Gênesis conduz a um futuro em que antigas – e eternas – questões filosóficas se chocam com o avanço tecnológico – quando o significado de ser humano, ter consciência e ter alma tornam-se questões centrais.

RESENHA
   Quatro horas é o tempo de teste que Anaximandra terá que fazer para entrar para a Academia, uma instituição composta pelas pessoas mais inteligentes da nova sociedade República, que é uma ilha abrigada pelas gerações dos sobreviventes de um vírus que exterminou a raça humana há muito tempo atrás.
   Apesar de estarem seguros e a salvos desse vírus, os habitantes não estão livres... Para manter o lugar em ordem e para que todas as pessoas sigam as leis dessa sociedade acima de qualquer coisa, inclusive seus instintos humanos, os governadores de República usam toda a tecnologia avançada à seu favor. 
   Nessa utopia, homens são separados das mulheres e para casarem e se relacionarem precisam ter permissão. E mesmo quando casados essa divisão permanece e caso a mulher fique grávida, ao nascer a criança é retirada de suas mãos e levada para um tipo de orfanato, onde ali a criança será supervisionada até uma certa idade onde seu futuro será decidido de acordo com suas habilidades.
   E sem saber sobre quem são seus pais, Anax chega à essa idade e tem uma oportunidade que é considerada única e decisiva na vida de qualquer um: a jovem consegue um teste para a seleção de novos integrantes para a Academia... Para a realização do teste, é necessário um imenso estudo aprofundado no tema escolhido pelo próprio candidato, e o tema de Anax se remete à um passado do qual a jovem sente uma conexão muito forte: a vida de Adam Forde.
   Depois de algumas gerações desde a criação de República, Adam foi a primeira pessoa em quebrar todas as regras do sistema ao arriscar sua vida salvando a vida de uma garota ao mar se aproximando da ilha. 
   Então na sala de teste temos três examinadores prontos para avaliar a jovem, o que eles não esperam é que Anax e sua conexão com Adam não é apenas uma coincidência, e anos após a morte de Adam, surge uma garota que também começa a pensar no real sentido da liberdade e instintos humanos. Dentro dessas quatro horas vamos voltar ao passado com revelações obscuras dessa nova sociedade e vamos embarcar por uma reflexão interminável sobre o valor do ser humano comparado a tamanha tecnologia que os rodeia...
   Sensacional é pouco para definir esse livro. Mas vamos lá...
   Ao chegar em sua última página, me vi tão obcecado com a história e tão preocupado com minhas próprias reflexões que não pude de deixar de pensar na real intenção do autor que é nos compararmos com a tecnologia e até que ponto somos úteis na sociedade.
   O livro é composto por uma imensa ficção, mas se formos parar para pensar nos caminhos e situações que ele tem, muitas vezes podemos confundir essa utopia futurística com a atualidade em que vivemos. Afirmo com absoluta sinceridade de que esse livro não é somente uma história com base em um mundo imperfeito, é mais do que isso, muito mais... É uma experiência e uma aventura que te conduz a conhecer o seu próprio cérebro, suas capacidades, seus medos e suas dúvidas em relação a tudo ao seu redor... 
   Porém infelizmente, sou incapaz de descrever toda essa experiência que tive com a leitura desse livro, é uma coisa que só lendo mesmo para saber. Pode ser que para mim seja diferente do que para você que está lendo, mas tenho certeza de que em algum momento vai sentir o mesmo que eu.
   Enredo... Se for para analisar tecnicamente o enredo, ele possui uma construção super simples e não é tão denso quando parece, mas por ser um livro com poucas páginas, tudo ficou exatamente perfeito. O autor nos relata uma história simples, mas com uma reflexão muito além daquelas páginas, e por isso admiro muito o autor com esse livro.

    Escrita... Nunca tinha lido nada do Bernard Beckett, mas sua escrita me atraiu e não me deixou a desejar. É uma escrita até que leve considerado toda a trama por trás da história. É fluída mesmo necessitando de uma atenção a mais do leitor e o livro é super rápido de ser lido.
Com muito orgulho, esse livro atinge a pontuação máxima de 5 diários, e nem preciso dizer que super recomendo não é?


Até mais Ledores! 

04 maio 2015

Resenha: Um Porto Seguro

   Quando uma mulher misteriosa chamada Katie aparece repentinamente na pequena cidade de Southport, na Carolina do Norte, questionamentos são levantados sobre seu passado. Linda, mas discreta, Katie parece evitar laços pessoais formais até uma série de eventos levá-la a duas amizades relutantes: uma com Alex, o viúvo, com um coração maravilhoso e dois filhos pequenos, a outra com sua vizinha muito franca, Jo. Apesar de ser reservada, Katie começa a baixar a guarda lentamente, criando raízes nessa comunidade solícita e tornando-se próxima demais de Alex e de sua família. No entanto, quando Katie começa a se apaixonar, ela se depara com o segredo obscuro que ainda a assombra e a amedronta: o passado que a deixou apavorada e a fez cruzar o país para chegar no paraíso de Southport. Com o apoio simpático e insistente de Jo, Katie percebe que deve escolher entre uma vida de segurança temporária e outra com recompensas mais arriscadas... e que, no momento mais sombrio, o amor é seu único refúgio.

RESENHA
   Erin é uma esposa que chegou ao seu limite, e o motivo disso é que de um tempo para cá seu marido Kevin passou a agredi-la por motivos banais, e depois de anos aturando isso, vivendo totalmente presa em sua própria casa e não tendo praticamente nenhum contato com o mundo, ela não aguenta mais e prefere tudo menos aquele inferno de vida.
   Após alguns meses roubando dinheiro de seu marido enquanto o mesmo depois de agredi-la se embriagava, ela foge de casa pela segunda vez, mas dessa vez, com o intuito de nunca mais voltar. Ela precisa eliminar qualquer vestígio de sua vida antiga, e para isso, assume uma nova identidade, o nome de Katie.
   Depois de anos de sofrimento, ao chegar na pacata cidade de Southport, ela vê ali a esperança que sempre procurou, de que pode recomeçar e reconstruir a sua vida. Então nessa adaptação e transição de vida, ela tem todos os sentimentos possíveis e os vive profundamente, mas sempre com muito receio e medo em contar para alguém sobre qualquer detalhe da sua vida anterior...
   Quando ela conhece Alex, sente-se atraída pelo pai de família que após o falecimento de sua mulher, passou a dedicar todos os momentos de sua vida aos seus filhos, Josh e Kristen, e a sua loja de "tem-de-tudo" cujo os maiores clientes são os turistas que passam por ali para fazer uma parada de descanso.
   E como no livro temos a visão de Alex também, essa atração é recíproca, porém Katie é tão misteriosa que isso o intriga um pouco e como tem um bom coração e uma alma de investigador, ele sabe que o passado dela não foi tão bom e está disposto a fazer de tudo para ter Katie em sua vida e ajudá-la em seus problemas.
   Também temos na história Jo, uma mulher ainda mais misteriosa do que Katie que se muda ao lado da casa alugada por ela. Jo é inteligente, sabe o que fala e leva tudo como uma metáfora, assim, conquista a amizade de Katie aos poucos e em um momento crucial, abre os olhos de Katie sobre o que ela está vivendo: uma fugitiva que está criando raízes em uma cidade, e que isso, pode atrair a atenção de seu marido. E se ele descobrir o paradeiro de sua mulher Erin, todo o inferno pode voltar...
   Então, a partir daí, acompanhamos a trama que irá se desenvolver lentamente, Katie tem que escolher entre criar um vínculo de vez com Alex ou abandonar essa sua nova vida e continuar mundo à fora como uma fugitiva...

   Esse é um dos poucos livros do qual não tenho muita coisa para falar, mas que mesmo assim sinto uma vontade imensa de compartilhar a minha opinião com o mundo. É um livro com diversas facetas, e que me surpreendeu muito, muito, muito mesmo justamente por ser de um autor ao qual eu tinha um certo preconceito.
   Mas vamos lá...

   Vou começar por esse tal "preconceito" que tive com o autor... Sabe, há muito tempo atrás li Querido John e gostei muito, e com os anos se passando, só fui lendo opiniões sobre os livros dele e percebendo que era sempre a mesma coisa: romancezinho dramático e meloso... Até que me deparei com esse livro, li a sinopse e resolvi dar uma chance rumo à mudar de ideia em relação ao autor.
   De início achei o tema central uma coisa meio forçada, e estava jurando de que o autor não seria capaz de retratar tão bem assim a violência contra mulheres, e ao ler o livro, me senti um idiota por presumir uma coisa dessas sem ao menos me aprofundar na pesquisa do livro.

   O enredo, totalmente natural! Tudo flui de uma forma tão simples e ao mesmo tempo agressiva, que você se sente dentro da história e sente que em algum momento pode fazer alguma coisa para ajudar a pobre mulher que está passando por dificuldades.
   A história inteira é detalhada por muitos detalhes, e tudo acontece exatamente quando tem que acontecer. Cada palavra do livro, cada vírgula e cada personagem ali criado tem uma razão para qual exista, e acredite, no final do livro você vai concordar comigo! Pois é no final que tudo se encaixa, que toda a história e os mínimos detalhes fazem valer a pena.

   Os personagens, esses sim me conquistaram e me fizeram mudar de opinião em relação ao autor. Todos os personagens são escritos perfeitamente, e todas as suas emoções são descritas tão claramente que torna a leitura muito natural. No livro, você não vê somente a visão da mulher cansada de sofrer, mas também vemos a mente psicopata do agressor, que mesmo após fazer tudo de mal para a sua mulher alega que isso é somente por amor, e que não há pessoa que siga a bíblia tão fielmente quanto ele. E é nisso que vemos o quanto Nicholas Sparks pôde trazer um assunto tão pesado pra um romance e fazer parecer tão simples...

   A escrita... Como já havia lido um livro do autor, não demorei para pegar o ritmo e acredito se não tivesse lido seria a mesma coisa. Todos sabem que Nicholas Sparks escreve romance, e de praxe já podemos imaginar que sua escrita é fácil de ler, e com esse livro não é diferente. Ele escreve tudo impecavelmente e nos dá tantos detalhes como se ele mesmo tivesse passado por problemas daquele tipo, porque o realismo que o livro tem é tão intenso que você se emociona muito com a história.

   Por fim, o livro é um retrato de instintos humanos e sentimentos intensos que nos fazer refletir a que ponto nós somos felizes, a que ponto nós temos uma vida boa e duvidamos disso e principalmente, a compaixão que temos ao ler essa história.

"Às vezes, começar de novo é exatamente o que uma pessoa precisa. E eu acho que é algo admirável Muitas pessoas não tem a coragem necessária para fazer algo assim."

   Com muito orgulho, o livro leva 4 diários e já estou fazendo planos para ler mais livros do Nicholas.


Espero que tenham gostado, e até mais Ledores!

01 maio 2015

A rotina de um Ledor

   Quando o livro é uma extensão do homem. 
   A gente não percebe quando o amor chega e ai ele se torna uma parte tão intrínseca da vida que de repente é só sentir. Assim eu imagino meu amor pelos livros e por isso resolvi expressar em meu primeiro texto no blog esse sentimento que o leitor carrega pra sempre em forma de páginas. 
   Não sei vocês, mas eu sempre estou com um livro na bolsa e levo pra todo o lado, como se ele fosse um pedaço de mim. Parece que uma bolsa sem livro é um corpo sem alma. Essa mania foi se tornando tão natural quanto respirar e quando me vi, tão apegada assim as palavras, já era tarde demais, o amor já havia passado dos limites. 
   Todas as manhãs, ao arrumar minha bolsa para ir ao trabalho, coloco o livro que estou lendo no momento e ai, me sento sempre no mesmo lugar do ônibus, retiro- o da bolsa e começo a leitura e do nada, somem todos os barulhos, todos os rostos e me concentro nos parágrafos. Ainda assim não posso evitar os olhares de espanto de algumas pessoas ao me verem ler no circular. Tenho que confessar que me divirto com isso. 
   Um dia, voltando para casa já ao entardecer, o ônibus parou em um ponto que fica próximo a um parquinho de bairro e do nada, ouvi risadas vindo do lado de fora. Eram duas crianças rindo de mim e pude entender quando uma delas apontou em minha direção e falou: “Olha ela está lendo no ônibus”... fiquei pensando chocada: “.. deveria ser estranho todos não lerem em lugar nenhum..”, mas enfim... é o pensamento de uma geração que ainda não se tornou leitora, pois as duas meninas deveriam ter uns oito anos, no máximo (se bem que com oito anos eu já lia bastante). 
   Hoje, no horário do almoço peguei o circular para ir para a redação, meu segundo emprego, e vi duas pessoas lendo no ônibus e fiquei tão feliz. Minha vontade era de abraçar aqueles dois. Uma menina e um menino. Uma esperança surgiu dentro de mim sabe? Ainda existe uma salvação, ainda veremos muitos ledores, muitas bolsas lotadas de livros e tantas outras pessoas cheias de amor pelas palavras.